O exame da Ordem agora vai ser em Outubro, mas como ficam os bacharéis?

Na semana passada a prova da OAB foi novamente adiada, agora para o dia 04 de outubro. Atualmente, esse é um tema que não faz parte do meu dia a dia, tanto que só fui saber desse novo adiamento hoje, mas prestar o exame é, inegavelmente, um grande momento na vida de todos que nos dedicamos à advocacia; tão temido e esperado, que é impossível ficar indiferente aos colegas que estão a aguardando desde o início do ano, principalmente para aqueles que já terminaram a faculdade e ainda não podem exercer a advocacia justamente porque não puderam fazer a prova.

Talvez, se você estiver nessa situação, esteja se questionando se essa espera valerá a pena, se escolher o Direito cinco anos atrás foi a decisão correta ou se, agora, é melhor jogar tudo para o alto agora e pular de cabeça em outra coisa que pareça mais atraente.

Essa escolha cabe apenas a você, mas saiba que a verdade é que, mesmo após sua aprovação, o retorno financeiro e o reconhecimento não serão rápidos; a verdade é que você enfrentará desconfianças (suas e dos outros) e pensará, principalmente, se não é melhor se dedicar de corpo e alma aos concursos públicos; a verdade é que você dificilmente terá causas milionárias ou que mudarão o mundo nos primeiros anos.

Mas, por outro lado, você saberá o nome de cada cliente seu, saberá por quem está lutando, e, principalmente, sentirá o gosto indescritível de ter alguém confiando na sua capacidade o suficiente para assinar uma procuração te dando poderes para resolver um problema da vida dela, seja ele uma negativação indevida ou uma ação para conseguir uma cirurgia urgente.

Mas, além disso, você sabe que, lá no fundo, alguma coisa mudou em você nesses últimos cinco anos, você já não vê o mundo como via antes.

Vai dizer que durante aquela viagem de carro, depois que o seu amigo reclamou dos buracos na estrada e se perguntou por que diabos ele paga IPVA, você não se pegou pensando que o IPVA, por ser um imposto, não é vinculado à nenhuma destinação específica, e, por isso, não é necessariamente usado para consertar as estradas. Ou quando aquela sua tia liga para você perguntando exatamente quantos dias ela tem para devolver um “negócio que comprou da internet, mas veio com defeito”, e você, além de estar com a resposta na ponta na língua, passa mais cinco minutos falando sobre o CDC (ela, provavelmente, parou de acompanhar na parte que você, muito empolgado, falava sobre a teoria finalista do conceito de consumidor, que segundo o STJ…).

Cá entre nós, o caminho é sem volta, essa coisa do Direito já está dentro da gente. A espera é angustiante, é; então use esse tempo para desenvolver outras habilidades que a faculdade não te ensinou, treine seu inglês, leia aquele livro ou assista aquela série que você quer desde o 5º Período, mas que os Tartuce, Didier e Lenza da vida não te davam tempo, mas não deixe de reservar umas horinhas para se preparar para a prova. Continue afiando o seu machado, como dizem por aí. Uma hora as coisas vão começar a se ajeitar

E a verdade é que a gente muda o mundo sim, um pouquinho de cada de vez, a cada caso, a cada cliente.